Maior ataque cibernético da história?

A mídia jornalística de todo o mundo anunciou nessa última quarta-feira que o “maior ataque cibernético da história” havia acontecido, realizando assim grandes impactos nas conexões de internet de todo o mundo.

Segundo os noticiários, esse “maior ataque cibernético da história” teria causado uma lentidão na internet em muitas conexões, principalmente na Europa.

Dado o acontecimento, muitos prontamente se apresentaram como prejudicados por esse ataque, indicando que a internet havia ficado mais lenta, ou que e-mails não estavam sendo enviados corretamente, e por aí vai.

De fato, ataques e batalhas cibernéticas existem, e são mais frequentes do que qualquer mídia irá noticiar. São atos silenciosos, e que podem sim causar grande transtorno aos usuários, prejudicar dados em servidores e causar inclusive impacto financeiro.

Essa “batalha”, em resumo se deu entre duas empresas europeias, a Spamhaus uma combate o SPAM (mensagens não autorizadas enviadas aos e-mails, com propósitos comerciais, por exemplo) e uma segunda empresa, a Cyberbunker que comercializa justamente esse tipo de serviço, enviando todo tipo de mensagens para endereços eletrônicos de todo o mundo (exceto mensagens de pornografia infantil e de terrorismo, segundo a empresa.

Em força, o ataque pode ter sido considerado um dos maiores então conhecidos, mas seus impactos e resultados foram limitados. Os serviços da própria vítima dos ataques, que são baseados na internet estão on-line.

Porém definir esse ato agora ocorrido como o maior de todos é muito delicado, sem considerar várias outras ocorrências, que causaram enormes impactos militares, políticos e financeiros.

Alguns exemplos, demonstrar o que ao meu ponto de vista foram muito mais graves e tiveram resultados muito maiores.

Stuxnet – Aplicatico malicioso, cujo desenvolvimento acredita-se que tenha levado anos, e é atribuído aos Estados Unidos e Israel. Destruiu centrífugas em usinas nucleares iranianas, causando um atraso de mais de 5 anos no desenvolvimento nuclear do país.

Flame – Outro aplicativo malicioso, que foi descoberto em 2012 que afetava computadores que utilizavam o sistema operacional Windows. O programa era utilizado para espionagem cibernética em inúmeros países.

Operação Payback – Um ataque de retaliação a empresas de pagamentos digitais e bancos em todo o mundo foi realizado em 2010. Esses atos causaram prejuízos financeiros significativos ás entidades, causando inclusive uma baixa dos valores das ações dessas instituições nas bolsas de valores.

Bancos Brasileiros – No início de 2012, vários ataques foram realizados contra bancos nacionais. Pode-se dizer que através de uma ação coordenada, os ataques eram pré determinados e programados. Prejuízos financeiros além de transtornos aos clientes de internet banking foram resultados desses atos.

Os ataques e batalhas cibernéticas predizem uma guerra também cibernética, que acredita-se que ainda não existiu.
Esse tipo de força foi amplamente utilizando pelo exército russo, como por exemplo na batalha contra a Estônia em 2007, procedido por ataques militares físicos.

Mas fica o alerta de que em tecnologia nada é 100% seguro. Não é só o antivírus que irá lhe proteger, e a educação digital, ou seja, a utilização consciente dos equipamentos e serviços digitais se torna cada vez mais um dos fatores mais importantes para a segurança individual de seus usuários.





Colunista

Fernando Rodrigues Peres

Advogado e perito, especialista em Direito Digital e Crimes Cibernéticos. Árbitro na Câmara Internacional de Arbitragem em Tecnologia da Informação, E-commerce e Comunicação.Membro da Associação Portuguesa de Direito Intelectual e também da Internet Society. Coorganizador do Projeto “Segurança na Rede”. Colunista na Gazeta do Povo e da ABRAWEB, com experiência internacional é palestrante em diversas empresas e eventos, realizando consultoria para empresas e instituições nacionais e internacionais. Professor em cursos Instituições de Pós Graduação em todo o Brasil. Contato em www.peres.adv.br



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