Planejando um site: por onde eu devo começar?

Meu grande amigo Matheus Silva, nos comentários do post sobre o cliente desejar uma loja virtual, deu como sugestão a abordagem do assunto “Faço um site em X dias”, e me pediu para escrever sobre como chegar a esse denominador que necessita ser respeitado em um projeto web.
Entenda, por gentileza, esse “denominador” como “prazo de entrega” ok?
Vamos lá então. Precisamos como sempre (e você já deve estar por essas horas a pensar: “André, vá se tratar! Você é muito paranoico!“) nos atentar a diversos fatores que podem atrasar nossa entrega. Ou adiantar a mesma, já que para isso não existe uma receita de bolo a ser seguida!
Vou dividir o artigo em duas partes e na primeira, vou abordar o que nós, como webdesigners precisamos saber antes de passar um orçamento e um prazo de entrega para o nosso cliente:

1º O quanto eu sei sobre o assunto?

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E estudei bastante.
A pergunta aqui é relativa a diversos âmbitos que temos que levar em conta na hora de prestarmos determinado serviço a um determinado cliente.
Primeiramente, é o que eu gosto de ter ciência: sobre o segmento no qual meu cliente atua. E o quanto eu sei sobre esse ramo de atividade.

É um nicho que está atrelado ao meu dia-a-dia? Eu, de certa maneira, estou inserido ou convivo/tenho vivência nele?
Ou é sobre um assunto que nunca tive contato na vida? Sabe por que eu me pergunto isso?
Pelo simples fato de já poder imaginar um layout; o que normalmente empresas concorrentes abordam em suas páginas; e principalmente O QUE NÃO ABORDAM em suas páginas, para que eu possa ofertar ao meu cliente um site com algum diferencial perante seus adversários!

Eu sei o que a empresa de meu cliente comercializa/oferece como produto/serviço? O quanto eu sei disso para discutir com ele o melhor jeito de iniciarmos uma conversa onde ele entenda que eu SEI o que estou dizendo? E o que digo não é besteira ou uma maneira de tentar “convencê-lo” (em outras palavras, enrolá-lo!) para que feche o serviço comigo?

E fora do âmbito comercial, eu preciso ter a ciência e a capacidade de reconhecer minhas limitações: o que EU posso ofertar que POSSA entregar como vantagem ao meu cliente?

O quanto eu estudei, me aprofundei em design, em programação? Eu tenho o contato de quem sabe mais do que eu e sempre que eu preciso, essa pessoa está disposta a me dar um direcionamento, e não o código pronto na minha mão?

Pois código pronto é como tomar “ASPIRINA” em caso de dengue. Pode até amenizar os sintomas, mas não trata do real problema!

Eu já fiz algo semelhante?
Sim. Algo semelhante já é um excelente ponto de início. Eu já fiz um sistema de comentários, e sendo assim, eu posso adaptar o código para montar um painel gerenciável para meu cliente em php e assim vender um site gerenciável? Modesto, mas gerenciável?
A resposta é sim. Desde que tenha entendido o código e sua lógica, e não simplesmente tenha pegado ele lá do meu banco de scripts e apenas copiado.

E pior do que copiar e colar um código é ainda ter que aguentar você dizendo aos quatro ventos, no Facebook e no Twitter, e no seu site, que VOCÊ É PROGRAMADOR...

2º Qual o meu tempo de estrada?

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Sua experiência vale. E muito.
Há quanto tempo você trabalha? Para quantas pessoas você já trabalhou, ou prestou serviços?

Quantos projetos você já entregou nessa sua jornada? Andou com a ajuda de outras pessoas até conseguir andar com suas próprias pernas? Essas pessoas poderiam falar bem de você, caso seu cliente peça referências?

Você teve um relacionamento legal com seus ex-empregadores, que possam lhe dar esse voto de confiança perante terceiros?

Seu cliente vai entender sua experiência como “segurança”. E é só isso.
Cabe unicamente a você aprender a tirar o melhor proveito disso, para que não se sinta como o terceiro tópico, apresentado logo abaixo!

3º Ninguém me dará o devido valor!

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E isso é fato. Ninguém te dará valor até que você o dê.

Quer alguns exemplos? Vamos lá então:
Primeiramente, não precifique o trabalho de terceiros. Achou barato ou caro demais, guarde para si mesmo sua indignação, ou faça como eu, e as exponhas de maneira responsável.

Recebi um contato há uns tempos atrás, e a pessoa me questionou sobre tradução de artigos para postar no site dela. Queria que eu traduzisse três artigos por semana, com EXCLUSIVIDADE para serem postados como conteúdos únicos em sua página na web.

Falei que três ficariam meio pesados, mas que eu poderia fazer dois. E antes que eu teclasse qualquer coisa, o cara já “chegou chegando” e disse:
“Beleza! Fechado! Te pago R$ 10,00 por artigo...”.
Vamos voltar ao segundo tópico? Maravilha!

Não quero passar a imagem de arrogante ou prepotente. Porém, você sabe quanto tempo eu dediquei da minha vida para aprender a língua inglesa? Quantas letras de música eu traduzi sozinho, na companhia de um dicionário, para entender o que o Bon Jovi dizia em 1990? Sim, eu ouvi bastante Bon Jovi. E Guns´n Roses também. E naquela época não existia internet e os discos em vinil eram baratos. E vinham com encarte com as letras em inglês.
E eu ficava dias e dias, com o dicionário na mão, aprendendo o que eles diziam.

Eu cantei em banda. Precisei aprender também a falar inglês. Queimei a cara por diversas vezes, cantando errado. Desafinando. Mas sempre me orgulhando de saber o que eu estava falando em cima do palco, pois dediquei mais de 15 anos a aprender tudo e manter “afiado” em tal língua!

Aí vem um cara e me oferece R$ 10,00 por artigo traduzido?
Tenha dó. Que tivesse me pedido para fazê-lo de graça. Eu não teria me sentido tão ofendido.
Outro exemplo que posso citar aqui foi de um cara que trabalhou comigo em uma empresa, e com muito esforço montou a sua. Parabéns para ele. De verdade.

Passei em seu comércio para oferecer um site, e ele me disse: “Semana passada veio um cara aqui e me ofereceu um site também! Conversei com ele, e ele até me trouxe, mediante meus desejos, um tipo de um “mapa do site”, que toma, pode levar! Analise e me passe o seu valor!”.

Primeira mancada: eu não daria um esquema desses para cliente nenhum, antes de fechar um contrato. Para exatamente não ter que passar por uma situação dessas.
Quando eu peguei o trabalho do cara, fiquei até chateado. O cara tinha feito um senhor diagrama funcional do site. Coisa de profissional mesmo. E o cliente tinha entregado aquilo tudo para mim!

Pensei, vi que o sistema não seria nada fácil de montar, pois havia a necessidade de uma área gerenciável para publicação de fotos e para atualização de agenda. E naquela época, eu ainda não tinha conhecimento nenhum em Wordpress.
Mesmo assim, montei meu orçamento e passei para ele. A resposta do cidadão:
“André, gostei do seu orçamento! Porém, eu tenho outro aqui R$ 900,00 mais em conta! Você consegue chegar nesse valor?”
Não abaixei o valor, pois já entendi que se tratava de uma senhora bucha! E outra: eu precisaria programar, e muito, para entregar o que o cliente desejava. E vou ganhar R$900,00 a menos do que minha proposta original, por que um “profissional” sem noção passou um valor desses para o cliente?

Não meu amigo, eu não faço isso. Eu não estudei para jogar meu preço lá embaixo. Eu não varei noites pesquisando e tratando de problemas para ouvir esse tipo de coisa.
Meu valor é esse, e ponto final. Tem mais em conta? Maravilha. Faça com ele. Mas ...

4º Meu cliente precisa saber disso!

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Se eu não disser, ele não saberá!

Preciso informar ao meu cliente tudo o que eu sei fazer, o que conheço sobre o assunto, sobre seu segmento, sobre a internet em si, o que pode ou não ser favorável ao desenvolvimento do projeto, mas de maneira que você possa passar confiança sem abrir o seu jogo, entendeu?

Você precisa deixar claro, colocar as cartas na mesa, mas não entregar o ouro. Deve sim, explanar ao cliente que você tem uma ideia de como “criar um diagrama funcional” do site, porém, não entrega-lo ao cliente sem antes fechar o contrato! Aí acaba caindo na minha mão, na mão de outro “profissional” que vai entender que “tem o projeto na mão” e vai cobrar R$1.000,00 mais barato que você!

Eu preciso na conversa com ele, passar a segurança de que eu tenho capacidade para realizar aquilo que ele deseja, e principalmente, capacidade para distinguir o que pode ou não dar certo, ou até mesmo, se é o mais correto para determinado momento. Eu preciso, como sempre digo, ser um “consultor” ao invés de apenas um web designer preocupado com minhas contas no final do mês.

Ah é, e para não faltar, fica a dica:
FLUÊNCIA NA ESCRITA E NA FALA DO PORTUGUÊS É IMPRESCINDÍVEL!

5º Perder o trabalho não é o final da linha. Pode ser o início.

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Por mais frustrante que possa soar, mesmo quando você explana tudo isso, deixa claro todos seus diferenciais perante seus concorrentes, você perde o serviço.

E isso é uma coisa ruim? Não. Eu não acredito que seja.
Como também eu costumo dizer, isso pode ser o início de outro trabalho. Será que seu cliente não virá atrás de você, porque o “profissional” que cobrou R$1.000,00 a menos que você não entregou o serviço, ou se entregou, não foi a contento?

Será que ele nunca vai se lembrar daquele cara que uma vez disse a ele que “não coloque gif´s animados nessa seção por não caírem bem”, e todos os comentários relativos ao site dele são negativos em relação aos gi



Colunista

Andre Buzzo

André Buzzo, atua na área de desenvolvimento web, com foco em sites gerenciáveis em Wordpress. É gerente/proprietário da KR Comunicação Integrada (http://www.krcomunicacao.com.br) onde aplica seus conhecimentos em vendas para oferecer, ao invés de um simples serviço, uma consultoria diferenciada ao cliente. Formado em Sistemas para Internet e com diversos cursos na área, procura sempre desenvolver páginas acessíveis, e hoje em dia, dedica-se à construção de sites para dispositivos móveis



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