Diga não ao simples

Identificando o problema

Todo web com certeza já ouviu alguém dizendo “o site é simples, você faz rapidinho” ou “preciso de um sitezinho básico, com pouca coisa”, eu sei que é clichê, mas infelizmente é a realidade.
Quando alguém aparecer com essa conversinha, corra meu caro, pois lá vem dor de cabeça!
Caso você esteja muito durango e precisando muito de grana, tente dialogar com muita calma e sobretudo paciência. Você vai tentar explicar como realmente um site é feito, vai dizer que precisa de tempo para fazer um bom briefing, desenhar wireframes, pesquisar e escolher uma boa tipografia, analisar concorrentes, etc., etc... e ele (o possível cliente), vai ficar te olhando com aquela cara de IE6, sem entender nada do que você diz, insistindo em saber quanto você cobra (todo mundo acredita numa tabela com valores fixos e bem baratinhos) e quanto tempo você demora pra terminar, porque é claro, ele precisa desse site simples para a próxima semana.
Corra web corra!
Há algum tempo, tomei uma decisão que acredito ser o melhor para o meu crescimento e amadurecimento profissional. Não aceito mais projetos que pulem as etapas básicas que garantem o sucesso do mesmo. Também não trabalho com layouts prontos ou semi-prontos (certa vez recebi uma proposta para “criar” o layout de uma loja virtual numa dessas plataformas com ferramentas prontas, tipo wix, para inserir o conteúdo), entre outras coisas que vemos por aí. É preciso pensar além. É preciso começar a direcionar o trabalho para projetos que acrescentem algo à sua vida profissional, senão como fica seu portfólio?

Trilhando o caminho das pedras

Não é regra absoluta, mas com essas dicas seu projeto ficará melhor, mais bem pensado e resolvido. Se o cliente esperniar, resista, persista, insista! Lembre-se, é o SEU trabalho que será visto por todos e os chiliques do cliente, com o tempo, a gente vai aprendendo a lidar... rs
Não costumo realizar muitas reuniões presenciais com os clientes, sinceramente acho uma perda de tempo. Podemos fazer uso da tecnologia e usar a internet, o skype, o hangout do Google, opção é o que não falta. No entanto, muitos ainda preferem o bate-papo ao vivo e devo confessar, que pelo menos uma reunião deve acontecer.
Durante a reunião, procure identificar exatamente o que ele precisa, observe tudo a sua volta, crie impressões do ambiente e o que se faz lá. Faça perguntas básicas, como por exemplo “que tipo de serviços vocês oferecem?”, “há quanto tempo atuam no mercado?”, “qual a razão para um novo site?”, “o que esperam com da nova página?”.
Quanto mais perguntas fizer, quanto mais informações conseguir melhor. Essas simples questões vão ajudar muito na hora de projetar, serão a base fundamental para começar a construir seu pensamento.

Começando a engatinhar

Depois da reunião, já na sua casa ou escritório, coloque aquela música que deixa feliz, faça ou peça pra alguém fazer um cafezinho que sempre cai bem e comece a listar o que foi conversado. Crie tópicos para ajudar na organização das informações e, se possível, faça uma taxonomia (método de classificação das coisas muito usado no ramo da Biologia e da Botânica. No meu próximo artigo, explicarei melhor o método e darei dicas de como usá-lo em projetos de design) de tudo e parta para o briefing. Complete-o com todas as informações que puder e envie a versão preenchida para seu cliente ver. Oriente-o a ler atentamente para ver se as informações procedem e peça para ele acrescentar outras informações que julgue importante. Além de facilitar o seu trabalho, fará com que seu cliente entenda melhor o processo e saiba que você não está enrolando.
AQUI você encontra um modelo de briefing pronto. E AQUI uma proposta final.

Dando os primeiros passos

Depois do briefing preenchido é hora colocar a mão na massa! Normalmente uso o briefing para tudo, e quando digo para tudo, é para tudo mesmo! Ele é a base estrutural, sem ele seu projeto não tem sustentação, entende? Nele tem todas as informações necessárias para desenvolver o projeto do início ao fim, seja ele qual for, site, cartaz, projeto gráfico para revista... É sempre bom pesquiso referências visuais sobre o tema que será tratado, estilos usados, cores, tipografia, referências históricas sobre o assunto, palavras no dicionário, enfim, tudo que eu acho que vai enriquecer o projeto e agregar valor à ele, garimpo e me aprofundo o máximo que posso! A regra é não seguir regra nenhuma e pesquisar tudo o q puder em diferentes áreas! Não limite seu processo criativo olhando apenas coisas que tratem da sua área. Feito isso começo a sessão rabisco. Desenho formas abstratas mesmo, qualquer coisa que vem na minha cabeça, encaro isso como um processo de libertação (rs). Só depois vou para o computador começar a reproduzir o que desenhei no papel.

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FIGURA - Esboçando wireframes

Nunca, mas nunca mesmo comece a estruturar o HTML do site antes do cliente aprovar o layout, e para isso, envie o layout em formato imagem mesmo e deixe bem claro que enquanto estiver nessa fase, de desenho, tudo pode ser alterado e só depois que estiver aprovado comece a montar. Senão você precisará reestruturar várias vezes a mesma coisa, fazer e refazer tudo de novo pelo menos 3 vezes, ou seja, vai acabar enlouquecendo e com o café da casa ou do escritório! Não faça isso consigo mesmo.

Atingindo a maioridade

Com o layout aprovado, aí sim, comece a desenvolver a estrutura em HTML. Marque um dia para apresentar o site finalizado e não atrase! Não aconselho ficar o tempo todo mostrando para o cliente cada coisa que você faz. Acho que isso vai deixá-lo cada vez mais ansioso e você ainda corre o risco dele pedir alterações. Como ele já viu o layout (lembram-se da imagem que enviamos), não tem porque ficar acompanhando passo a passo do seu trabalho, afinal de contas, o profissional é você e supõe-se que sabe o que está fazendo, ok?! Calcule uns dias a mais para testar o site e também para os trâmites de aprovação de briefing e layout. Faça de tudo para seguir o cronograma direitinho para não comprometer seu tempo e trabalho.
No dia que entregar o projeto, peça ao seu cliente para testar tudo o máximo que puder antes de colocar oficialmente no ar. Isso dará tempo para corrigir possíveis bugs antes que o site caia na rede. Se o cliente quiser alterar algo, após a entrega, cobre a parte. Isso deve ser acordado no início do projeto. É legal limitar ou prever alterações pra evitar futuras dores de cabeça. Eu costumo cobrar de outra maneira por alterações fora do escopo, faço o cálculo por horas de trabalho e não por alteração.

Informações importantes

- Só relógio trabalha de graça, receba adiantado

É importante dizer que, antes de começar a trabalhar é preciso receber. Pelo menos uma parte, um sinal de 10, 20%, isso é você que determina. Pois o fato de disponibilizar seu tempo para atender à solicitação e comparecer a uma reunião, significa que você já está trabalhando. Faça uma estimativa de quanto tempo irá gastar para realizar o trabalho, divida por etapas para facilitar e ao concluir cada etapa, receba! Mas deixe isso bem acertado com seu cliente para evitar problemas futuros. Quanto ao valor a ser cobrado, bem isso é muito relativo. Existem profissionais que calculam seus projetos por hora, outros não. Eu prefiro cobrar por projeto, afinal, nenhum projeto é igual a outro. Mas existem médias de preço estipuladas pelo mercado que podem ser usadas como referência. Abaixo segue o link para a tabela de referência de preços para um designer e webdesigner que talvez ajude. Os preços podem parecer exorbitantes para quem está começando, mas como eu disse, você pode usar somente como referência.

- Design Brasil – Tabela Referencial de Valores - http://www.designbrasil.org.br/designnapratica/tabela-referencial-de-valores-adegraf#.UhJdbpKsg6k

- O seguro morreu de velho
Muitos de nós webdesigners trabalham sem contrato, na base do acordo verbal e da confiança. Atenção! Já tive muitos problemas com isso. Depois o cliente vem, como quem não quer nada, elogiando seu trabalho e pedindo para alterar algumas coisinhas, coisas simples (ele vai dizer), que você faz rapidinho. Não caia nessa. É melhor gastar um tempinho a mais com um contrato do que ter que ficar alterando um zilhão de coisas sem ganhar nada por isso. Deixe tudo bem claro no documento, preto no branco como dizem por aí. Já diz o ditado “amigos, amigos, negócios a parte”.
E então, quem ainda acha que fazer um site é simples?! Baixe um modelo de contrato http://www.4shared.com/office/Gae12KRu/contrato_final.html.

Espero ter ajudado e qualquer dúvida me coloco à disposição.
Meu e-mail para contato é feralvesoliveira@gmail.com



Colunista

Fernanda Alves de Oliveira

Fernanda Alves de Oliveira, é strategic designer do estúdio de criação e design HOMA BESTO Creators Beings, trabalhou como web designer no departamento de Educação a Distância no SENAI-SP. Pós-graduada em Design Estratégico no Instituto Europeu de Design. Atua na área desde 2006 e já trabalhou com editorial, criação de logotipos e identidade visual. Adora exposições de arte, sair para fotografar, filmes alternativos, tecnologia e um bom café.



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