Faço inglês há algum tempo, e sempre achei o material didático do curso (visualmente falando) mal resolvido. Neste semestre, ao receber o novo material, notei que a capa dos livros havia sofrido uma mudança bem drástica. Não eram capas excepcionais, mas ainda assim, melhores que as anteriores. Imediatamente fui conferir as páginas internas e, para a minha decepção, tudo continuava muito ruim.
É preocupante saber que escolas de renome no mercado, não se preocupam em produzir e, consequentemente, oferecer um material de boa qualidade a seus alunos. Não estou aqui para apontar os erros encontrados, mas sim para fazer um apelo por um bom projeto gráfico. Afinal, ele é quem vai garantir bons ou maus resultados dos alunos.
Ter um livro em mãos e lê-lo parece uma tarefa bastante simples, no entanto, se este livro não apresentar um bom projeto gráfico, algo que motive esse usuário final (além é claro, de um conteúdo de qualidade), esse material estará condenado.
Todo bom projeto de design começa com um briefing bem elaborado. Não dá para ignorar essa etapa do trabalho, pois o briefing ajuda a compreender melhor as necessidades do público que queremos atingir e aponta a direção que devemos seguir durante a execução do projeto.
Em se tratando de um projeto gráfico para livros, principalmente didáticos, é de extrema importância que uma excelente pesquisa tipográfica seja feita. Muita gente não sabe, mas existem tipografias adequadas para leitura no papel, na tela do computador, algumas são projetadas exclusivamente para títulos, etc. Assim como o tipo, o corpo da fonte também deve ser considerado. Um livro feito para crianças, não deve ter a mesma tipografia que um livro feito para adolescentes e assim por diante.
As cores e os elementos gráficos também devem ser usados com muita cautela para não poluir as páginas, não tirar atenção do texto, não confundir o leitor. Efeitos de Photoshop também são perigosos, o uso emdemasia pode fazer com que seu projeto gráfico vire uma verdadeira alegoria de carnaval.
A escolha do papel também é relevante, um bom papel garante que o leitor tenha uma experiência agradável ao manusear o livro ou escrever nele, no caso do meu material didático, o papel utilizado é brilhante, ou seja, escrever a lápis é quase uma missão impossível.
O acabamento dos livros influencia bastante na experiência que o leitor vai ter. Um livro com acabamento em hot melt, mais conhecido como lombada quadrada, nem sempre é a melhor opção, fica muito bonito, mas nem sempre é funcional. E se por acaso, você precisar dobrar o livro para escrever? A lombada quadrada vai impedir que isso seja feito, talvez um acabamento em grampo atenda melhor às suas necessidades.
Sei que hoje vivemos na era do bem imaterial, da internet sem fio, dos tablets e smartphones, mas até que o livro físico ainda está longe do fim. Portanto pessoal, quando forem executar um projeto desse tipo, pesquisem, estudem, busquem referências. Visitem livrarias para conhecerem melhor os livros, peguem na mão, sintam a textura do papel, o cheiro, observema diagramação, a tipografia, o acabamento.
E o mais importante de tudo, orientem seus clientes da melhor forma possível para que possamos melhorar a qualidade dos livros que existem por aí.
Fernanda Alves de Oliveira, é strategic designer do estúdio de criação e design HOMA BESTO Creators Beings, trabalhou como web designer no departamento de Educação a Distância no SENAI-SP. Pós-graduada em Design Estratégico no Instituto Europeu de Design. Atua na área desde 2006 e já trabalhou com editorial, criação de logotipos e identidade visual. Adora exposições de arte, sair para fotografar, filmes alternativos, tecnologia e um bom café.