Você já parou para olhar o rodapé dos sites e blogs que visita? Faça isso com mais freqüência.
Provavelmente verá, de vez em quando, alguns ícones diferentes. Uns com as letras RSS, outros com as letras RDF, Atom, XML ou simplesmente um botãozinho vermelho, laranja ou amarelo, que leva para uma página estranha com códigos que lembram HTML. Se você já viu algum site com a misteriosa frase Syndicate this site esteve perto de saber o que significa esse monte de siglas.
São formas de distribuir conteúdo estruturado. Syndicate this site, neste contexto, significa "distribua o conteúdo deste site". Ao conteúdo estruturado dá-se o nome de feed, que pode ser desde notícias até atualizações em blogs, e devem ser lidos por leitores especiais, ou leitores de feeds, que lembram muito um programa leitor de e-mails, com a vantagem de pesquisar centenas de fontes de informação em um único programa ao invés de navegar por centenas de sites em busca de notícias ou atualizações recentes.
Conteúdo personalizado sempre foi um objetivo a ser alcançado em qualquer mídia. Na Internet, as tentativas de trazer esse conceito para o navegador sem que o internauta tivesse que entrar em dezenas de sites ou se prender a ler o conteúdo de um único portal resultou em algumas idéias, dentre as quais o RSS.
RSS tem pelo menos três significados: Rich Site Summary, Really Simple Syndication e RDF Site Summary. RDF, Resource Description Framework , é uma especificação mais ampla, usada para organizar dados e, por isso, usada em algumas versões de RSS.
Cada significado se adaptou à forma como a tecnologia foi utilizada, desde seu surgimento, em 1999, para uso no portal da Netscape. Na época, sua utilidade era ser um meio eficiente para catalogar páginas, aplicando filtros através de metatags. Havia uma seção no portal cujo conteúdo era importado de várias fontes através de RSS. Porém, há alguns anos a Netscape divulgou sua especificação para o RSS, o que fez com que fosse cada vez mais utilizado por blogs e sites menores de conteúdo. Blogs, por sinal, são os grandes divulgadores e utilizadores dessa tecnologia nos dias atuais.
Desta vez, a distribuição de conteúdo aplica um conceito inverso. Trata-se da tecnologia push, onde a informação ia até o internauta através de recursos de algum programa, como os Canais do Internet Explorer integrados com o Desktop do Windows, o Netcaster do Netscape e outros programas como PointCast e BackWeb. Isso é velho. É quase impossível encontrar quem os utilize atualmente.
RSS é uma especificação para distribuição de conteúdo através de XML. Da mesma forma que o HTML por trás dessa página faz com que este texto seja legível, o XML permite organizar dados de maneira estruturada. Se estes dados usarem uma estrutura padronizada, a informação pode ser lida por qualquer programa que entenda este padrão. Ao padrão dá-se o nome de especificação.
Veja este código:
RSS é XML
13/06/2004
Distribuição de conteúdo
RSS pode ser RDF
13/06/2004
Explicando RSS
Trata-se de um trecho de código XML. Código que qualquer webmaster pode criar usando a especificação mais básica que existe no XML, que é a delimitação de dados por tags próprias. Se esta especificação for usada para distribuir informação para um grupo de pessoas, todos os programas utilizados pelo grupo entenderão a forma como os dados estão organizados e a partir disso exibirá a informação da forma que for mais conveniente aos leitores.
O código poderia ser repetido inúmeras vezes com dezenas de notícias de um mesmo site. Agora, imagine dezenas de blogs que ofereçam o seu conteúdo através de páginas XML utilizando a especificação RSS, ou seja, todas as páginas são padronizadas com os mesmos elementos, mudando-se apenas o conteúdo. Pronto, existindo um padrão, um programa poderia ser feito para unificar todos estes conteúdos em uma única listagem.
Dito e feito, com a utilização freqüente e crescente de RSS para distribuir conteúdo de sites, surgiram dezenas de programas capazes de agregar o conteúdo de diversas fontes. São chamados de Feed Readers, RSS Readers, Microcontent Browsers, Aggregators e tantos nomes quanto forem possíveis serem encontrados para dizer o mesmo: lêem as informações disponíveis nos sites e as coloca no seu desktop, sem que precise navegar por todos os endereços.
O trabalho dos Agregadores é reunir conteúdo de diversas fontes. O termo Syndication, apesar de estar na origem da idéia, merece ser pouco aplicado. Lembra do conceito? Syndication dizia para distribuir o conteúdo, e não apenas pegar o conteúdo e exibir de outra forma. Para uso no portal da Netscape era o termo correto.
Para o usuário final, a maior vantagem no uso de feeds é desobrigar visitas nem sempre regulares aos sites para ver se existe alguma coisa interessante para ser lida. Funciona também no caso dos blogs e ganha entusiastas porque é uma possibilidade fácil de prover conteúdo diretamente para o público do site, sem intermediários ou às custas de muitos cliques.
É um dos caminhos para a leitura rápida na Internet, pois um dos problemas de ter um conteúdo titânico sempre disponível é saber quando esse conteúdo é atualizado. Mesmo se você restringir suas visitas apenas aos sites que quer ler, não saberá quando tem algo novo disponível a menos que receba e-mails periódicos ou permita que sua caixa postal seja lotada com avisos de toda e qualquer alteração. Feeds resolvem a questão. Sabendo das alterações, você mesmo se dispõem a ler ou não o que há de novo.
A princípio, os menos avisados podem julgar que isto diminui o número de visitantes, mas ocorre o contrário. Agregadores pesquisam regularmente as páginas cadastradas e montam os tópicos mais recentes. Se algum assunto interessar ao internauta, esse deverá ler o conteúdo voltando ao site. O recurso aqui é rapidez na divulgação, não desvio de tráfego, mesmo porque quem controla o que o agregador recebe é o webmaster através de sua página com feeds XML, não o programa. Cabe ao webmaster também julgar o que mandar ao internauta, desde propaganda até spam, mas o risco de abusar da paciência de seus assinantes é ser deletado sem aviso do Agregador.
Programas e serviços
Agregadores de feeds com interface Web:
- Bloglines: http://www.bloglines.com/
- Blogstreet: http://rss.blogstreet.com/
- Fastbuzz: http://www.fastbuzz.com/
- Newsgator: http://services.newsgator.com/
- Rocketinfo: http://demo.rocketinfo.com/desktop/
O uso de feeds para divulgação de conteúdo tem tudo para revolucionar a forma como as pessoas acompanham notícias e visitam os sites. Só depende de documentação e divulgação pois, se você é um jornalista ou alguém que está sempre navegando atrás de informação, não é difícil perceber como isso economiza tempo. É capaz de se empolgar tanto que irá mandar, sem pensar muito, a sugestão para o seu jornal ou revista preferido de colocar à disposição uma página com feeds para que seu agregador possa captar as últimas notícias.
Breve, mais sobre Feeds e RSS
Tabajara dos Reis é desenvolvedor de sistemas. Começou a trabalhar com internet em 1996 no STI BBS, mais tarde STI Internet, adquirido em 1999 na maior operação brasileira realizada pela multinacional PSINet -- onde participou do desenvolvimento do sistema de autenticação, cobrança e atendimento com a missão de unificar todos os provedores adquiridos no Brasil.
Entre 2000 e 2002 participou da criação do hpG, o maior serviço de hospedagem e terceira maior audiência no Brasil, vendido ao iG em 2002. Entre 2003 e 2006 criou sistemas de comércio eletrônico, publicação de blogs, fotologs, músicas e vídeos, além de controles de hospedagens pagas e gratuitas.
A partir de 2006 criou sistemas proprietários para sites de relacionamentos, empresas imobiliárias, classificados, mundos virtuais, corretoras, jornais e agências. Atualmente está envolvido com desenvolvimento experimental de sistemas de busca de alta performance, aplicativos integradores de redes sociais e programação focada em Android. Participa da ABRAWEB desde sua fundação.