Desenvolvedores versus Wix: Uma luta injusta?

Essa semana que se passou eu vi um post de um amigo meu no Facebook, meio infeliz com a possibilidade de perder negócios para a empresa americana de “criação de sites gratuitos”, denominada Wix.
Seu questionamento me fez pensar que existem diversos sites que oferecem o mesmo serviço; bancas de jornal vendem discos com templates em CSS, prontos para serem implementados (eu mesmo já comprei vários discos desses para estudo!); “profissionais” prostituem o mercado vendendo projetos a preços ridículos; até o Governo, por meio do SEBRAE, dita que os comércios podem e devem estar na internet (nisso eu concordo plenamente!) e que podem ter seu site de maneira gratuita por intermédio dos mesmos (nisso eu discordo totalmente, porém, antes de dizer isso ou aquilo, vou confirmar até onde o esquema é gratuito mesmo!).
Dessa maneira, eu me peguei pensando: “OK, se um cliente meu acabar me confrontando, em uma negociação, sobre os serviços oferecidos gratuitamente pela Wix, o que eu posso argumentar para provar que meus serviços atendem de melhor maneira suas necessidades, sem eu ao menos ter uma noção do que o Wix oferece”?
Fui atrás de fazer um cadastro e tentar mexer na plataforma oferecida, e minhas impressões seguem abaixo, assim como minha análise sobre como argumentar com o cliente sobre o serviço em questão, e para não ficar cansativo e muito longo o artigo, esse, como de costume, será dividido em algumas partes. Vamos lá então:

1º - Alguém está se dando bem, teoricamente falando.

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Como não sabia mexer com o tal do Wix, fui logo digitando [www].wix.[com].[br] e eis que caí em uma página. Confesso que comecei a navegar no site, e por um breve momento, fiquei contente em ver que existe lá um “Plano Básico” para que o cliente assine. Aí então eu percebi que na realidade, não é a Wix que oferece serviços gratuitos e sim, uma agência aqui do Brasil que tem o mesmo nome. Até onde isso vai dar enrosco, o problema é deles. Mas o que eles devem faturar com isso é brincadeira!
Minha análise: “Primeiramente, eu estou vindo até o Sr. e não o Sr. indo até a minha empresa ou pessoa. Meu atendimento é personalizado e pessoal”.

2º - O Wix é um concorrente e tanto. Admita.

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Ao acessar a página correta do sistema, fazer um cadastro bem simples, onde se pede apenas e-mail e uma senha, nenhuma confirmação até essa etapa é solicitada; um sinal de que “Quero te ganhar o mais rápido possível” é algo bem interessante, confesso!
Você como usuário, conseguir chegar ao seu objetivo em três ou quatro passos é algo glorioso. Ainda mais quando se trata de assunto sobre tecnologia, onde para a maior parte dos seres humanos é uma tarefa muito intimidadora, é digno de se tirar o chapéu. Serve, inclusive, como estudo para que nós possamos melhorar nossa usabilidade em futuros projetos.
Se fosse ruim eu falaria. Mas não é; portanto merece respeito e comentários positivos. Infelizmente.
Ele oferece uma gama bem grande de “categorias” para a criação de uma página, que vai desde um eCommerce (modalidade paga) até sites empresariais, para prestadores de serviços, músicos, educadores, webdesigners (sim, webdesigner que utiliza ferramenta gratuita para fazer um site é de lascar!), para varejo, moda, dentre outras. E já oferecem, de acordo com a categoria selecionada, vários templates prontos para que escolha um e comece a editá-lo a seu gosto. E é exatamente aí que aparece um excelente, mas um excelente gancho para argumentar com seu cliente.
Minha análise: “Se meu cliente falar horrores de coisas boas sobre a ferramenta, eu vou concordar. Sim, ela merece elogios realmente! Porém”...

3º - Obstáculo 01 – Os templates estão todos em inglês

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Embora todo o site esteja traduzido em português (incluindo-se aí os menus para a edição!), tudo no site oferecido está em inglês. Ou seu cliente entende a língua ou vai apanhar para editar textos, nomes de links, títulos, dentre outras informações previamente inseridas no template.
Será que nosso cliente sabe que “TEAM” é uma página sobre a EQUIPE DE TRABALHO de sua empresa? Pode até ser que o mesmo deduza, pois na página existem informações sobre algumas pessoas, que podemos realmente, chegar à conclusão de que são os funcionários dele.
Minha análise: “Todos os textos do site estão em inglês, assim como as descrições de links, fotos, títulos e demais informações que existem no template oferecido. O senhor conhece a língua inglesa para editar cada um deles? E mesmo que não seja necessário entender o inglês, o senhor sabe que determinada área está apta a receber determinado texto ou descrição"?

4º - Obstáculo 02 - Há de se ter um mediano conhecimento em desenvolvimento web

Sim, se faz necessário ter certo conhecimento. Experimentando editar um dos templates oferecidos (Categoria Consultoria e Treinamento; Template: Strategic Consulting), me deparei com as seguintes informações:

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Seta Vermelha: é nela que eu altero o nome da página e por pura magia, o link;
Seta Magenta: aí eu mudo o nome do arquivo HTML. Se o cliente não possui conhecimento da linguagem, vai titubear na hora de alterar ou não.
Seta Azul: é nesse ícone que eu abro a janela da direita. Confesso: apanhei para descobrir que aí era o lugar onde eu deveria entrar para alterar de HOME para PÁGINA INICIAL no menu.
Seta Laranja: WTF é Cross Fade? Nós que trabalhamos com web sabemos. E o cliente?
Além de todas as informações acima listadas (existem inúmeras outras não mencionadas, mas que podem ser observadas na imagem acima) existe a confusão visual e textual da mesma. Você entra em Páginas e quando descobre que precisa clicar no ícone assinalado com a Seta Azul, abre uma sub-aba com o título Configurações e SEO, que talvez o cliente também não domine. E além do mais, logo que clicamos em páginas, todas são elencadas em inglês.
O texto explicativo em português e os menus, em inglês...
Minha análise: “O painel de configuração não é tão intuitivo assim. O senhor precisa de um conhecimento mediano em linguagem de programação para conseguir fazer as alterações que necessita. E não quero colocar medo ou dizer que o site não funciona. Porém, devo alertar que pode se confundir e causar uma má impressão ao seu cliente/usuário”.

5º - Obstáculo 03 – CSS - “Vou alterar tudo? Como assim”?

Ainda batendo na tecla de que nosso cliente precisaria de um bom conhecimento em linguagem de marcação, ele também necessita entender como funcionam as folhas de estilo. Por exemplo: ao clicar no “slideshow” para fazer a configuração do mesmo, podemos chegar à situação apresentada pela imagem abaixo:

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Dentre inúmeras possibilidades que a ferramenta oferece uma em particular me chamou a atenção: a alteração do CSS do site. E o que mais me intrigou foi tal mensagem apresentada quando selecionamos o “Editar Estilo” que nos é apresentado:
“NOTE: ALTERAÇÕES REALIZADAS AQUI AFETARÃO TODOS OS ELEMENTOS DO SITE QUE USEM ESSE ESTILO. QUER SABER MAIS”?
Já até sabemos a resposta não é? É claro que não!
Vou alterar tudo o que? O que são elementos? O que é estilo? O que vai ser alterado? Meu Deus, eu vou ter que fazer tudo de novo?
Se não era intenção causar tal tempestade de questionamentos na cabeça do cliente/usuário, não oferecesse tal possibilidade.
É isso aí meu amigo e minha amiga. Por hoje é só.
Na próxima parte, irei abordar alguns outros aspectos da ferramenta, e o que podemos fazer para burlar tal oferta na web e oferecermos um serviço digno de nosso cliente. Se ele procura preço, que vá de Wix. Se procurar qualidade, que venha atrás do seu nome.

Forte abraço e até a próxima. Fiquem com Deus!



Colunista

Andre Buzzo

André Buzzo, atua na área de desenvolvimento web, com foco em sites gerenciáveis em Wordpress. É gerente/proprietário da KR Comunicação Integrada (http://www.krcomunicacao.com.br) onde aplica seus conhecimentos em vendas para oferecer, ao invés de um simples serviço, uma consultoria diferenciada ao cliente. Formado em Sistemas para Internet e com diversos cursos na área, procura sempre desenvolver páginas acessíveis, e hoje em dia, dedica-se à construção de sites para dispositivos móveis



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